terça-feira, 15 de abril de 2008

Interior





















"Mergulho na escuridão da noite.
Perco-me no silêncio dos meus passos.
Pé ante pé, caminho como se flutuasse.
Abro a porta e deixo-me invadir pelo Luar
Que me inunda o quarto e ilumina o espírito.
Sou de novo apenas eu a vaguear na noite.
Estendo a mão e tento tocar o meu rosto,
Mas a irrealidade da minha imagem desvanece-se
Perante mim mesma, no espelho, como uma nuvem
Que se dispersa e desaparece.
Os vestígios dos sorrisos escondem-se nos recantos.
Em cada livro da estante há uma história,
Um excerto que li por alguma razão maior.
Histórias nas quais não encontro qualquer sentido,
Razões que se perderam no tempo e no espaço.
As músicas que tocam já não têm o mesmo som,
Estão fora de tom, perderam a melodia.
Olho pela janela e fixo as estrelas.
Encontro-me e perco-me em cada uma delas.
Percebo o que fui e o que quis ser.
Perco o que sou e o que serei
Nas incertezas de mim mesma.
Mergulho na escuridão da noite,
Que me envolve e abraça.
Entrego-me ao Luar, que me beija e acalma,
Na certeza de que nada é certo
E de que nada sou além disto".



sobre a tela:

título: meu interior
óleo sobre tela
figurativo abstrato
texturizado
1,00m x 0,80m
agosto de 2005










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